[Resenha] Condão - Giordano Mochel Netto

Nome: Condão
Autora: Giordano Mochel Netto
Gênero: Ficção Científica
Editora: Novo Século
ISBN: 9788542804584
Ano: 2015
Páginas: 400
Classificação: ★ ★ ★ ★ ★ 

Sinopse: Tecnologia robótica, petabytes, Direito Eletrônico. Esses termos fazem parte do cotidiano de Edwardo, um jovem que vive em uma sociedade ultratecnológica em que o controle da informação tornou-se o meio de referência para todos. Programador virtual, ele tem uma vida estabilizada, já que suas preocupações resumem-se ao trabalho, ao relacionamento amoroso com Sílvia, biogeneticista, e à amizade antiga e franca com Jânio, professor de História Moderna e especialista na teoria do Condão.
No entanto, ao presenciar, involuntariamente, o assassinato de dois jovens por drones responsáveis pela segurança pública, sua vida passa a correr risco. Robôs-homicidas? Uma possibilidade que soa impossível para um software instruído a tarefas-padrão e funções extremamente mecânicas.

Pelas regiões do Brasil, Edwardo arrasta Jânio e Sílvia em uma busca incessante para desvendar o crime. Só que, quando o trio descobre que essa investigação envolve vários fatos obscuros que influenciaram o atual nível de desenvolvimento dessa sociedade, uma nova realidade se revela de forma estarrecedora.

Frase preferida: "O homem nasceu assim, naturalmente lutando pela vida. Não seria agora que fugiria do combate."

Resenha:

Tudo começou numa Maratona Literária do blog Me Livrando. Livros seriam sorteados e um deles era Condão. Li a sinopse e já me apaixonei logo de cara, fiquei perturbando todo mundo, dizendo que queria, que p-r-e-c-i-s-a-v-a daquele livro. Então o sorteio foi feito. Não, infelizmente não foi dessa vez que ganhei um exemplar de Condão. Ganhei outro livro nacional maravilhoso, que resenharei qualquer dia destes. Um mês depois, na bienal do Rio, coloquei Condão na minha “listinha”. Fiquei sabendo que o autor estaria lá; entrei em contato, perguntei se ele iria no mesmo dia que eu. Não, não iria. Porém, de tanto choramingar, acho que o autor ficou com pena de mim e disse que ia naquele dia. Mentira, não foi por isso. Gosto de dramatizar as coisas, desculpe. Bem, pra resumir: Giordano foi no mesmo dia que eu e nos encontramos lá. Comprei seu livro e ele me deu uma caixinha linda, marcador e alguns cards com artes dos personagens. Além de autografar e fazer dedicatória em latim! A propósito, parabéns a editora pelo trabalho feito em Condão, tudo perfeito, tudo mesmo! Mas sério, o livro já havia me conquistado, só que depois de conhecer o amor de pessoa que é o autor, deu ainda mais vontade de ler.
E assim que tive tempo, comecei a leitura. Cheia de expectativas e ansiedade. Ao terminar, não me decepcionei. Atendeu a todas as minhas expectativas. Aliás, superou todas elas.




Condão é uma ficção científica que se passa, em grande parte, no Rio de Janeiro. Um cenário de um Brasil futurista, totalmente diferente deste que conhecemos. Um país rico, onde a pobreza, a fome e a desigualdade foram erradicadas, não só em território nacional, mas por todo o globo. Brasil tornou-se uma potência mundial, graças a Jeremias, o grande líder, o responsável pelo avanço tecnológico ocorrido durante a Era de Ouro, o criador do Condão. Condão é um software que substituiu os juízes, por assim dizer. Sem interferência de valores humanos, usando apenas as premissas das leis, as sentenças eram feitas da forma mais justa possível. Entretanto, nem tudo são flores. Edwardo, um programador virtual, morador do Rio de Janeiro, presencia o assassinato de dois jovens por drones de segurança. Algo de muito estranho estava acontecendo e, agora, Edwardo estava correndo perigo. Fugindo da Central, Ed, junto com seu amigo, Jânio e sua namorada, Silvia, buscarão por respostas e vão descobrir muito mais do que imaginavam, mudando a concepção que tinham sobre a sociedade em que viviam.



Uma história cheia de emoções, bem escrita e construída impecavelmente. Narração em terceira pessoa, bastante concisa e que flui muito bem. A simplicidade e a sofisticação andaram juntas no decorrer da trama; ao mesmo tempo em que a leitura era de fácil entendimento – pela fluidez que o autor dá, sem atropelamentos –, era também um desafio. Muitas palavras diferentes e termos tecnológicos que eu precisava reler para entender. Acho que tive sorte, já que tenho um irmão com a mesma formação que o autor (Ciência da Computação), e qualquer dúvida, era só perguntar para ele que eu conseguia assimilar melhor a história. Por ser um cientista da computação e ter bastante conhecimento sobre o assunto, a obra de Giordano ficou muito bem embasada.

O livro é cheio de críticas sutis, mas bastante diretas, à nossa sociedade atual. Um enredo bastante inteligente, com muito refinamento e cheio de detalhes, que entrelaçaram tudo, de modo que não houvesse falhas. Fui surpreendida, não só pela história ser mais do que eu esperava, mas por ter gostado do personagem principal. Quem lê minhas resenhas, sabe que eu quase sempre prefiro os secundários, mas desta vez o protagonista me conquistou. Ed é um homem corajoso, que se preocupa com quem ama e super impulsivo. Deu o azar (ou a sorte) de ter presenciado o assassinato daqueles jovens e daí a trama se desenvolve, Ed crescendo a cada página, até se tornar o melhor personagem de Condão. Apesar da grandiosidade que Ed tem para o livro, outros personagens também me chamaram a atenção. Sílvia, pela sua força e determinação; Jânio, pela sua capacidade de raciocínio e sua insegurança; Celeste, pela sua ousadia; Capitão Glauco, pela sua coragem e esperteza; Comandante Henrique, pela sua capacidade de aprender, sua originalidade e sua iniciativa; e, é claro, o líder Jeremias, pela sua firmeza, sua genialidade e loucura – afinal, essas duas últimas sempre andam lado a lado, não é?


Quando finalizei a leitura de Condão, fiquei com aquela sensação de satisfação, de felicidade e ao mesmo tempo tristeza por ter acabado. Senti um orgulho por uma obra tão maravilhosa quanto essa, ser de autoria nacional. É um livro que te faz pensar sobre toda a realidade que nos envolve e o que é realmente verdade ou não. Pensamos sobre passado, presente e futuro. Acho que é essa a intenção do autor: fazer-nos pensar, refletir. Faz-nos pensar no que aconteceria se o Condão fosse realmente implantado no Brasil. Seria bom ou ruim ter máquinas controlando nossa jurisdição? Daria realmente certo? Penso, penso e não chego a uma resposta definitiva. Sempre há aquele pezinho atrás...
"Apesar de o mundo inteiro estar progredindo a passos largos, a África não conseguia se desvencilhar do passado de abandono mundial que lhe fora proporcionado pelas grandes nações. Só significava mais possibilidade de atraso para a humanidade."

Condão foi o último livro que li em 2015, foi pra fechar o ano bem. Ficção científica é um dos meus gêneros favoritos e Condão traz ainda um pouco de romance, drama e aventura, para a minha felicidade. Indico para todos os fãs do gênero, apaixonados por nacionais, ou para quem não se encaixa em nenhuma das duas descrições, mas que queira ter uma leitura maravilhosa, que deixa o leitor instigado, curioso e ansioso para devorar cada página. Vale muito a pena!
Não sei dizer em que lugar, mas com certeza, Condão estaria no meu top 3 de 2015!


Por fim, quero parabenizar o autor pela obra incrível que criou, e agradecer pela atenção que me deu na Bienal e pela oportunidade de conhecer uma história tão maravilhosa. Desejo todo o sucesso que lhe é merecido e espero ler mais livros de sua autoria no futuro, aqui você já encontrou uma leitora fiel.



Sobre o autor: Giordano Mochel Netto é bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e especialista em Contabilidade Pública e em Transporte Público. Atualmente, divide seu tempo entre a Auditoria Estadual de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, ocupando o cargo de superintendente de Tecnologia da Informação, e como advogado pela Universidade Estácio de Sá (Unesa). Estreia com a ficção científica Condão.


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